sexta-feira, 23 de abril de 2010

MEU ANJO


Meu anjo de belezas fartas
com sorriso branco de quem alivia
com passos suaves de quem dança valsa
e olhar penetrante de quem anistia.

Você que vem do mais alto
com esse brilho de áurea mais nobre
e devasta com festa o meu silêncio
invade com vida minha parte mais pobre.

Você que vem do mais alto
e me enche de amor e ternura
que aprisiona a inveja em potes
e ensinas a viver com candura.

Você meu anjo sem asas
que num beijo na boca me revela o futuro
que num abraço mais firme, reprende meu choro
e me veste de coragem, pra surpreender o mundo.

Você que vem do mais alto,
pra enfeitar de rosas os meus dias
e fez um céu de minha vida
e inspira meus poemas e rimas.


Léo Rocha


quinta-feira, 22 de abril de 2010

UM DIA FUI AMOR



Um dia fui amor
dei flores, poemas, jantares
dei sorrisos, carinhos e olhares
fui homem, fui completo, fui desejo
fiz manha, fiz pirraça por um beijo.
Um dia prometi a eternidade
minhas mãos erguidas, mesmo depois das brigas
meu peito, meu colo pra consolar o choro
minha gratidão, meu zelo e direção
por mim entregar a vida.
Sem plumo, sem rumo e sem noção
fui a fundo, fui afinco, fui dois na relação
fui a casa mobilhada
fui o plano de filhos
fui o projeto de família, que ouvimos na canção.
Fui a noite de luar
fui o almoço de domingo
fiz festa, fiz graça, fiz o mundo acreditar
que o amor é simples, o amor é lindo.
Fechei os ouvidos contra o mal dizer
me calei pra não errar
servi meu coração numa bandeja
tentei ser muitos
pra te seguir, te possuir e te fartar.
Um dia fui amor
fui a cadência do tempo
fiz da oração uma constante
implorei a DEUS saúde sem limites
pra que você minha amiga,esposa e amante
tivesse uma vida longa e divina
pra que os livros, filmes e fotos
pudessem sempre recordar
que eu, UM DIA FUI AMOR
por que eu tinha você a me acompanhar.

Léo Rocha

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

SOU O SENHOR TEU DEUS

Fui teus olhos e os teus passos
quando achou estar perdida naquele labirinto
chamado V I D A
Te reguei e fiz sombras
naquele deserto de amarguras
Fui teu abrigo e teu consolo
quando suas lágrimas viraram chuvas
Fui teu escudo e teu guerreiro
nas batalhas oriundas do ódio.
Fui teu precipício
para saberes que um passo em falso
podes por tudo a perder.
Fui teu para-quedas para crêr
que sou teu socorro
até quando não há mais esperanças.
Nem mil velas ou mesmo o sol
irá iluminar eu caminho
se eu não permitir.
Por todo ouro, por todo prazer
não te trará alegria duradoura.
Quando o medo te aprisionou
intercedi e te dei liberdade.
Quando a inveja inibiu sua beleza
fui teu espelho e tua maquiagem.
Quando achou a vida sem graça
fui teu arco-íris e teu brinquedo.
Tapei seus ouvidos contra as injúrias
e fui seu dicionário pra elogiar
a quem mereceu.
Fui seu amigo fiel e te dei colo
pra ouvir seus lamentos.
Fui seu leito mais quente
e o médico mais capaz
quando pensou na morte.
Te dei o sono mais profundo
quando seu corpo se viu sem energia.
Fui e Sou tua fome e tua sede,
o brilho do teu dia e a prateada lua que te vigia
o amor mais terno e o sustendo da tua família.
Se ainda tens dúvida quem sou ?
-- EU SOU O SENHOR TEU DEUS,
O TEU CRIADOR, QUEM PÕE AR NOS PULMÕES.

Léo Rocha

Rios Que Viraram Chuvass

Hoje o sol não veio
preguiçoso como nunca
se deixou cobrir por nuvens turvas,
tão carregadas como jamais havia visto,
tão negras que mais parecia noite.
Sentei-me na velha cadeira de ferro
na parte da varanda onde avistava
um jardim colorido pela pimavera,
foliava um jornal antigo
que o vento que já amanhcera forte
arrancou da prateleira.
As crianças brincavam na rua
chutando sua bola ou soltando suas pipas,
uma mulher debruçada na janela
observava o vizinho lavando o carro recém-comprado,
dava pra ver seus olhos fixos
como quem mira uma maça ao ter fome.
Sem pressa ou motivos
fui até a sala acender mais um cigarro,
quando vi rasgar no céu um clarão,
que segundos depois deu-se num estrondo,
o bichano que dormia,
assustado feito quem está devendo
correu e se enfiou debaixo do sofá.
Sem perder tempo
o céu veio a quase desabar em chuvas
corri pra tirar as roupas que secavam no varal,
as crianças até ameaçaram dançar e pular
mais a tempestade que caía, fizera
serem repreendidos por seus pais
os relampagos e trovões estavam de colocar medo.
E choveu em minutos
o que não tinha chovido em quase 3 meses
e choveu... e choveu.... e choveu torrencialmente.
Logo as ruas mais pareciam lagos
as casas mais pareciam parte do lago
subitamente as águas iam subindo
e ocupando lugar de onde se via terra.
A praça que tinha no largo
mau se via o balanço
o campinho onde se brincava futebol
via carros boiando, misturado a galhos,
lixos e o que mais a força das águas conseguia levar.
Ouvi gritos de pavor
meus olhos em harmonia com os ouvidos
procuravam a quem se desesperava,
logo avistei uma mulher que morava na parte mais baixa da rua
a berrar, abraçada à geladeira que vazava pela porta dos fundos.
Homens e mulheres guerreiras
a tentar salvar seus bens
uns levantavam o mais alto que podiam,
outros carregavam pros terraços,
e quem não tinha o que fazer
somente chorava.
Os sentimentos de angustia,tristeza,dor
se via em cada olhar, mais também se via
a solidariedade, afeto, compaixão, garra, superação.
Todos se ajudando, todos se consolando, todos trabalhando.
Finalmente a chuva deu uma trégua
mais altura da enchente era de dar dó,
alguns ficaram ilhados,
e outros tantos desabrigados.
Da minha varanda não se via mais o jardim colorido
nem o parque, nem os sorrisos, nem o carro novo do vizinho,
do bairro onde moro
só restou um grande e tristonho lago.




Léo Rocha


De alguma forma quero gritar socorro ...